segunda-feira, 23 de abril de 2012

O número 666


O número 666 e a besta do apocalipse.

Certamente você já ouviu dizer que o papa é a besta de que fala João no livro do Apocalipse. Isso é coisa de gente que não tem juízo. O que o fundamentalismo faz... Um homem que, até quem não tem fé, se curva diante dele, os protestantes fanáticos o chamam de besta fera, 666. Tudo isso por causa da interpretação errada de um livro, o Apocalipse de São João, cuja linguagem é simbólica.

Eu, que escrevo este artigo já ouvi isso várias vezes, e já fui questionado, por ser católico, a respeito de tal certeza que os protestantes julgam estar com a razão.
 
Vamos por parte. Em Apocalipse 13,18 – (É o momento de ter discernimento. Quem tiver inteligência, interprete o número da besta, pois é o número de um homem. E o seu número é seiscentos e sessenta e seis.). São João usa o número 666 para designar a besta, logo se o número 7 representa a plenitude e a perfeição, o número 6 significa aquilo que é incompleto, imperfeito; desta forma, três números 7 representam claramente a perfeição, enquanto que três números 6 representam a imperfeição e as trevas. Podemos entrar nestes detalhes sobre o número 666, em outro futuro artigo, aqui no site da Paróquia de São José Operário.

O número 6 é repetido três vezes, também, porque existiam três reinos: Roma, que era a cabeça, o reino da Judéia, onde havia também um governante romano e o império grego. O número 666 indicava a imperfeição desses reinos terrenos.

Em Ap 13, 6-8 (Abriu, pois, a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os habitantes do céu. Foi-lhe dado, também, fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação, e hão de adorá-la todos os habitantes da terra, cujos nomes estão escritos desde a origem do mundo no livro da vida do Cordeiro Imolado.). João diz que a besta abria a boca e blasfemava contra Deus e contra o tabernáculo que havia nos céus, mandava que fossem mortos todos aqueles que não adoravam a imagem da besta. Sabemos que os Césares, os imperadores de Roma, perseguiram muitos cristãos. Basta dizer que os trinta primeiros papas desta época foram martirizados por causa de Cristo, a começar por São Pedro. São João escrevia sobre isto para os irmãos da Ásia Menor, que eram perseguidos por César (na época, Nero) e seus sucessores, ao mesmo tempo em que anunciava a vitória de Cristo sobre eles. Por tanto, a besta de que fala São João no Apocalipse é César Nero.

Como São João aplica o número 666 a Nero? Os cristãos daquela época não entendiam o latim, mas somente o grego e o hebraico. Na verdade o número 666 em hebraico forma o nome de César Nero (ele fez as letras hebraicas da direita para a esquerda). Isto explica como é que as palavras “César Nero”, em hebraico, produzem o número 666.

Mas com base em que os protestantes dizem que o papa é a besta?

Eles dizem isso porque o Papa, sendo sucessor de Pedro, é o representante de Cristo na terra. Dizem eles que os papas usam na sua mitra (que chamam de chapéu do papa) a inscrição em latim “VICARIVS FILII DEI” (que significa “Vigário do filho de Deus”). Daí eles pegam as letras que têm valor de numeração romana (I=1, V=5, X=10, L=50, C=100, D=500, M=1000), somam e obtêm o resultado 666, supostamente provando assim que o papa é a “besta fera”.


Porém, esta interpretação é TOTALMENTE FALSA. Por quê?
1)             Não existe esta inscrição na mitra dos papas.
2)         Nenhum papa até hoje usou o título de “Vigário do filho de Deus”.
3)      Se não fosse este título, eles procurariam qualquer outra combinação de palavras cuja soma desse 666, diriam que o Papa a aplica a si mesmo e que leva esta inscrição no chapéu. A arte de atribuir um valor qualquer a um nome qualquer, usando combinações matemáticas, chama-se Gematria. Veja caro leitor, as artimanhas que os protestantes usam para distorcer a palavra de Deus, tentando provar pela própria Bíblia as suas heresias e delírios.
4)             Como já se foi dito antes, os judeus não falavam em latim, mas hebraico e grego. Por isso, São João, escrevendo para os cristãos, não iria usar o latim.
5)             O Papa não pode ser a besta, porque o número 666 se aplica a uma pessoa, e não a um cargo. César Nero era um pessoa.”Papa” é um cargo.
6)             O papado foi instituído pelo próprio Cristo, quando disse: “... Simão, filho de Jonas, tu me amas mais do que estes? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo, e Jesus lhe disse então: apascenta as minhas ovelhas (Jô 21,15). E isso foi perguntado três vezes, e nas três vezes Cristo obteve resposta positiva de Pedro. Sendo que Jesus não tinha ovelhas (animais), e sim ovelhas (pessoas), dá essa missão a Pedro de apascentar suas ovelhas quando acontecer sua ascensão aos céus. Portanto, foi Cristo quem escolheu Pedro para ser o primeiro Papa da Igreja fundada por ele (a Igreja Católica Apostólica Romana).

Pedro assumiu sua missão em Roma. Ele tinha o cargo de Bispo, a mesma função que Tiago em Jerusalém. Após a morte de Pedro, outro cristão de nome Lino foi escolhido para sucedê-lo como bispo de Roma. Como os sucessores de Pedro assumiram o seu lugar, como bispos de Roma, a Igreja romana passou a ter autoridade sobre todas as outras, como Pedro tinha autoridade em relação aos outros apóstolos, pois ele era a “pedra” sobre a qual estava construída a Igreja de Cristo. Por este motivo, a sede da Igreja acabou ficando em Roma, pois foi lá que Pedro foi martirizado, na Colina do Vaticano. Com o passar do tempo os cristãos começaram a chamar o sucessor de Pedro de Papa.

Mesmo com o Papa em Roma, os cristãos eram duramente perseguidos no império romano. Mas quando o imperador Constantino se converteu ao Cristianismo, no século IV, ele baixou um decreto dando liberdade de culto aos cristãos, que deixaram de ser perseguidos. A Igreja cresceu mais e mais, e sua sede continuou em Roma e como era no tempo da perseguição, Roma, e queria destruir a Igreja, mas a vontade de Deus não era essa; foi a Igreja que acabou conquistando Roma, pelos testemunhos dos santos e mártires que derramaram o seu sangue pela causa de Cristo.

Ninguém pode se autonomear chefe de uma Igreja; ou fundar uma quando quiser. Jesus Cristo, que é o Filho Único de Deus, fundou a Sua Igreja, firmou Pedro como seu sucessor e os apóstolos como bispos. Cada apóstolo que morria era sucedido por outro cristão que tinha recebido, pela imposição de mãos dos apóstolos, o mesmo poder que estes haviam recebido de Cristo. E assim se faz até hoje. É por isso que a Igreja Católica possui sucessão apostólica, porque o poder que Cristo deu aos apóstolos tem sido transmitido, sem interrupção aos seus sucessores, até o dia de hoje. Portanto, por mais que alguns protestantes insistam em se chamar “bispos”, eles não são, porque não têm autoridade e nem sucessão apostólica. Ninguém é sacerdote ou bispo só porque diz que é. O poder para tornar um homem sacerdote, vem de Deus, e não dos homens. Este poder Cristo deu à sua Igreja e a mais ninguém. Para finalizar e provar isto, basta lembrar do Coronel Correia Lima, que depois de ter feito o que fez, em menos de uma semana de dita conversão, já se auto-titulava pastor de Igreja. Pode?

Sem mais detalhes para o momento, e esperando a participação dos leitores deste site, no espaço Catequese Online, caso brote dúvidas.

Weslen Viana