Só Cristo salva! (ou Só Jesus salva!)
Eis o slogan protestante.
Mas vamos colocar uma
interrogação: Só Cristo salva?
A afirmação: Só Cristo salva, tem fundamentação
teológica em si?
Pode-se afirmar isoladamente
que somente Cristo salva?
Protestantes de todos os
naipes apontam o dedo na cara de qualquer um, principalmente de nós católicos,
e dizem essa famosa afirmativa, mesmo em Bíblias de edições protestantes,
adesivos em carros e motos, e enormes banners.
Isso tudo para querer eles nos rebaixar, pois acreditam na possibilidade de
o católico não acreditar nesta verdade, ou que outra criatura seja detentora da
salvação.
Pois bem...
Nós católicos acreditamos que
só Cristo Salva? Veremos.
Para responder usarei dois
critérios: O teológico e o lógico.
Primeiramente entenderemos a
natureza de Cristo. De acordo com catecismo – já que este é a teologia
simplificada – analisemos os parágrafos:
240.
Jesus revelou que Deus é «Pai» num sentido inédito: não o é somente enquanto
Criador: é Pai eternamente em relação ao seu Filho único, o qual, eternamente,
só é Filho em relação ao Pai: «Ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem ninguém
conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar» (Mt 11, 27).
241.
É por isso que os Apóstolos confessam que Jesus é «o Verbo [que] estava [no
princípio] junto de Deus» e que é Deus (Jo
1, 1), «a imagem do Deus invisível» (Cl 1, 15), «o resplendor da sua glória e a imagem da sua substância»
(Heb 1, 3).
242.
Na esteira deles, seguindo a tradição apostólica, no primeiro concílio
ecumênico de Nicéia, em 325, a Igreja confessou que o Filho é «consubstancial»
ao Pai (44), quer dizer, um só Deus com Ele. O segundo concilio ecumênico,
reunido em Constantinopla em 381, guardou esta expressão na sua formulação do
Credo de Nicéia e confessou «o Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de
todos os séculos, luz da luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não
criado, consubstancial ao Pai» (45).
E mais adiante:
253. A Trindade é una. Nós não confessamos três deuses, mas um só
Deus em três pessoas: «a Trindade consubstancial» (64). As pessoas divinas não
dividem entre Si a divindade única: cada uma delas é Deus por inteiro: «O Pai é
aquilo mesmo que o Filho, o Filho aquilo mesmo que o Pai, o Pai e o Filho
aquilo mesmo que o Espírito Santo, ou seja, um único Deus por natureza» (65).
«Cada uma das três pessoas é esta realidade, quer dizer, a substância, a
essência ou a natureza divina» (66).
Duas
considerações, no trecho: a Igreja
confessou que o Filho é «consubstancial» ao Pai, quer dizer, um só Deus com Ele,
diz que Jesus e Deus são um só. Nisso os protestantes concordam, quer dizer, a
maioria, dado a babel teologal e diversificada que os identificam.
E
a afirmação de que a Trindade é una. Trindade una parece um tanto
contraditório, mas para nós faz parte dos mistérios da fé, devemos acreditar
mesmo sem entender.
Já
é perceptivo que a frase só Cristo salva
já vai perdendo sua suposta essência de inteireza e clareza.
Deus
é uno em substância e trino em pessoa. Cada pessoa da Santíssima Trindade é
Deus completo.
Agora
vamos partir para um pouco de lógica. Um exemplo de proposições:
Todo
cachorro é vegetal.(premissa maior)
Os
vegetais são verdes.(premissa menor)
Logo,
todos os cachorros que existem são verdes.(conclusão)
Para
a lógica formal está corretíssimo, embora para a realidade as premissas
sejam falsas. Cachorro não é vegetal e nem todos os vegetais são verdes na
realidade. Então para a realidade a conclusão estaria errada. Dado o caráter
lógico formal, as premissas sendo proposições, a conclusão concordando com as
premissas, torna-se verdadeira.
Como
estamos falando de coisas reais, que existem de fato (Deus Pai, Jesus, Trindade),
a lógica formal não nos serve, só serviu para elucidar. Vamos então a chamada lógica
material. Esta que se dá no âmbito real, com as proposições sendo
analisadas pela inteligência ou até mesmo pelos sentidos.
Para
termos na lógica material uma conclusão verdadeira, é necessário que as
premissas também sejam verdadeiras, tanto a premissa maior, como a menor:
Jesus
é Deus (P)
Jesus
nos salvou (p)
Logo,
Deus nos salvou (C).
As duas premissas são verdadeiras e não
podem ser contraditórias, logo a conclusão também é verdadeira. Quando isso
acontece, chamamos de silogismo.
Para o protestante seria assim:
Jesus
é Deus (P)
Só
Jesus salva (p)
Logo,
Deus não nos salvou (C).
Como Jesus é inseparável substancialmente
de Deus, a primeira premissa (maior) é verdadeira e o só da segunda premissa (menor) faz com que a conclusão seja falsa,
levando em consideração a realidade de que Jesus não se isola de Deus,
confirmada pela fé. Fé esta que é uma adesão da inteligência.
Quando
a conclusão é falsa, damos o nome de sofisma.
Quando
ouvimos um protestante querendo nos dizer que só Cristo salva, vemos algo
tendencioso, pois que teimam em espalhar aos quatro cantos do mundo que temos
Nossa Senhora como salvadora, e que a adoramos como deusa, o que nunca foi
ensinado pela Igreja.
Finalizando...
Deus Pai salva, Deus Filho salva e Deus Espírito Santo salva. É assim que devemos
professar. Cristo salva sim, consubstancialmente com as outras duas pessoas da ST. Nunca podemos isolar a nenhuma pessoa da Santíssima Trindade o caráter
salvífico.
Então,
não usemos trechos isolados da Bíblia para criar slogans, se assim fizermos, podemos entrar em erros como este, o
sofisma. É através de erros filosóficos, teológicos, lógicos, entre outros, que
nascem as heresias.
Confiemos
em nossa Santa Igreja, Católica Apostólica Romana, em tudo que se dizer respeito
a fé e moral.
Weslen
Viana